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Crisântemo

Sobre o túmulo do meu pai

De granito áspero e simples como a morte

Jaz um desbotado botão de crisântemo

Gotas gotejam

Ventos ventam

Pessoas passam

O tempo para

A chuva não basta para a flor desabrochar

Tudo que poderia ter sido

Escorre junto à cor do botão pelo ralo do Araçá

Ninguém olha pelo que jaz

Sobre o túmulo do meu pai

O sol roda

A lua roda

A terra roda

O tempo não passa

Para a flor tudo é passado

Tudo é perdido

Todo o presente é falta

Ausência dura, granito

Tudo que espera é despetalar-se

Escorrer sua cor

Morrer em botão

Tudo que poderia ter sido

16/08/16

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