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A Menina que Vive


Foi numa tarde de sexta feira após um jogo de buraco

Que me despedi pela última vez

Não sabia que seria a última

Ela a caminho do passeio a cavalo

Eu no quarto com náuseas

O enjoo prenunciava a catástrofe

O desastre

O tempo parou

O mundo parou

Eu prostrado no chão

Há quinze anos uma menina caía do cavalo

Não tinha uma década de vida

Minha dor é mais velha que ela

Há quinze anos abriu-se um talho em mim

Destino cruel com uma faca fria

Não fez cerimônia nem se preocupou com os meus planos

Demorou anos para um mês passar

Foram décadas tentando fechar o talho com linhas de costura

Todas se romperam

Só o tempo foi mais poderoso que a dor

Antes ela me jogou de cara no chão

Hoje eu a carrego por aí

A menina que mudou a minha vida

Se foi há quinze anos

Mas vive marcada na minha pele

A menina que não fica mais velha

Vive em todas as minhas alegrias

Se transformou em força e inspiração

A menina que gostava de patins

Fazia bijuterias e jogava videogame

Ainda hoje se faz presente na saudade

A menina manhosa

A menina companheira

A menina curiosa

A menina dos cabelos cacheados

A menina que vive

A Vivi

15/02/2017

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